Importância histórica
Os primeiros passos do Movimento Estudantil (ME) nacional ocorreram no início do século XX, ainda que de forma bastante incipiente. Durante a era Vargas, 1930/1945, esse movimento ganha organicidade e corpo, evidenciamos nesse momento as primeiras organizações estudantis. Pós Era Vargas, no período de democratização do Brasil, o movimento liderou campanhas de importância ímpar para a época – "O petróleo é nosso!" e a reforma universitária – passando definitivamente a ser entendido como instrumento de luta e reivindicação dos estudantes.
Durante o Regime Militar (1964-1985), as entidades representativas dos estudantes são denominadas ilegais e a repressão se faz esmagadora, a sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) é incendiada, isso nos dá a dimensão do quão foram intensas as forças repressoras sobre os estudantes. O movimento estudantil era contrário não só a ditadura militar, mas também ao caráter da educação oferecida na época que tinha um vínculo estreito com a privatização. Um dos fatos simbólicos do regime militar é a execução do estudante Edson Luiz de 17 anos em pleno Restaurante Universitário da UFRJ. Mesmo sendo o auge das torturas e assassinatos brutais, foi também o período dos sonhos, coragens e utopias. Muito desse espírito libertário advindo do movimento estudantil francês, do período de maio de 1968, que afirmava Soyons realistes, demandons l’impossible.
O posterior processo de redemocratização do Brasil se deu de forma gradual, em 1977, os estudantes às ruas com grandes protestos, passeatas e atos públicos pedindo o fim da ditadura. Reivindicavam liberdade democrática, fim das prisões e torturas, anistia ampla, geral e irrestrita aos exilados. No processo de abertura política a sociedade civil teve papel central, cabendo aos estudantes uma importância significativa nesse processo.
Em 1992, observamos mais uma vez a importância e o pioneirismo dos estudantes frente à problemas de cunho político e social, os “caras-pintadas” fizeram forte mobilização popular que culminou com o impeachment do presidente Fernando Collor acusado de corrupção.
A importância do movimento estudantil na construção da educação e sociedade que desejamos
As mudanças ocorridas no cenário mundial e nacional nas últimas décadas do Século XX e XXI no campo da economia e da política, assim com a aberturas dos países às demandas da internacionalização e globalização, como a predominância cada vez maior de interferências de organismos internacionais frente as políticas educacionais no Brasil nos chama à ação. Não podemos continuar a entender movimentos e influencias apenas de forma “natural” e resultante de um processo inevitável que passa a nortear a vida, o dia a dia e as práticas docente em salas de aula. Somos chamados a levantarmos e sermos proativo no que concerne as decisões da sociedade e da educação.
Estamos frente a um período de grande efervescência e necessidade de mobilização do movimento estudantil em decorrências de demandas advindas de políticas governamentais e que precisamos estar prontos a fazermos o debate de forma claro e consciente. Está em nossas mãos o PDE 2011-2020, será que estamos fazendo o debate sobre a questão do Plano? Temos acompanhado às políticas de expansão do Ensino Superior? As políticas públicas referentes aos direitos homoafetivos? Em decorrência dessas e de outras demandas sociais e do campo da educação é que somos chamados a pensarmos e intervir criticamente nesse cenário, que está posto para nós educadores e educadoras. A serviço de que e de quem está a educação? Pra que e pra quem estamos formando nossos estudantes? Será para somente servirem de mão de obra na dinâmica do mercado produtor? E/ou manter a aparente e falsa harmonia que se apresenta no conflitante e diverso tecido social? Precisamos de uma educação que contemple de fato sua função social, queremos uma educação autônoma, libertadora e definitivamente não é a que está posta na contemporaneidade.
Seguimos refletindo...